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Coincidências? Nada é por acaso...

Quando uma mulher conta para seus familiares e amigos que quer um parto normal uma das primeiras coisas que se questiona é a segurança e a "dor do parto".  Escutam histórias tenebrosas sobre partos que acabaram em morte materna ou morte do bebê. E mesmo sem informação, estes familiares e amigos preocupados com o bem-estar do bebê e da mãe acabam falando coisas para induzir a gestante a desistir de ter o bebê por parto normal. 

Foi exatamente isso que aconteceu com a Michelle, mas ela não se intimidou com a família e decidiu sair da sua "zona de conforto". Seu primeiro parto, há 5 anos atrás, tinha tudo para ser normal, porém com 41 semanas a médica veio com a conhecida desculpa de que ela ainda não tinha dilatação... E porque ela deveria estar dilatando se ela ainda não estava em trabalho de parto?? Gente, uma coisa leva a outra, certo? O problema é que a Michelle não tinha essas informações naquele momento e acabou deixando-se levar pela médica e pelo terrível medo do "sofrimento fetal"...

5 anos depois, a Michelle voltou a sonhar com o parto normal e pesquisando pela internet conheceu o trabalho das Doulas e chegou ao meu nome... Nos conhecemos, conversamos muito, alguns mitos foram esclarecidos quando a VBAC (Vaginal birth after caesarean, ou em portuguës, parto vaginal após cesárea), muitas informações foram passadas e a gestação estava muito tranquila... Mas havia um único e grande problema: na sua 35 semana de gestação, a Michelle decidiu que não iria mais voltar no seu médico pois ele havia deixado bem claro que não fazia parto normal, além de dizer que ela era velha para isso (35 anos!!) e que ela corria o risco de ruptura uterina devido a cesárea anterior... Baseado em quê esse médico falou isso?? Em evidências científicas que não foi... (como a maioria, infelizmente).

Segundo estudos, mais de 60% das mulheres que tentam um VBAC (passam pela prova de trabalho de parto) conseguem efetivamente parir. A taxa de ruptura é mínima, 0,2% no Brasil contra 0,5% nos EUA (onde se usa aceleradores químicos). 

Enfim, a Michelle não voltaria mais no médico e decidiu arriscar o plantonista do hospital quando entrasse em trabalho de parto... Aí veio a minha primeira grande função como doula: honestidade! Expliquei ao casal a dificuldade que seria um PN com um plantonista, que o ideal seria procurarmos um profissional humanizado, já que eles haviam preparado uma verba para pagar o parto com o primeiro médico.  Falei da importância de ter um pediatra humanizado também, que os cuidados com o bebê eram bem diferentes aos protocolares dos hospitais. Indiquei alguns profissionais que conhecia e o casal ficou de marcar algumas consultas para conhecê-los...

Mas aí a natureza não espera, quando um bebê decide vir ao mundo, nós aqui fora é que devemos correr com o que ainda não estava pronto! rs. Uma semana depois, com 36+3, a Michelle me liga dizendo que havia perdido o tampão durante a tarde e rompido a bolsa há alguns minutos... A prematuridade me intrigou e decidi consultar alguns amigos profissionais da área para saber a opinião deles e todos concordaram que a Michelle deveria ser levada para o hospital para ver o porquê dessa bolsa rota tão cedo. E o médico dela? Boa pergunta! Ela ainda não tinha um novo médico e também não quis avisar o médico antigo.

No caminho do São Luiz, às 23h15, entrei em contato com a Dra. Dolores Nishimura (uma querida!) para explicar a situação toda... Coincidentemente, a Dra. estava no mesmo São Luiz acompanhando um parto e aceitou avaliar a Michelle e acompanhar o parto dela também, caso ela quisesse. Alívio total!!!
Chegando no hospital a Michelle fez vários exames no PS, depois foi avaliada pela Dra. Dolores e verificaram que tudo estava tranquilo com ela e a bebê e recomendaram que ela voltasse pra casa, ficasse em repouso e se hidratasse muito, aguardando o início do trabalho de parto. 

Duas horas depois o TP iniciou... passamos a madrugada toda juntas em casa (e em contato com a Dra), e bem cedo fomos para o hospital. Na fase latente a Michelle passou a sentir muito frio e sugeri que ela fosse à banheira para se esquentar (e para ajudar a dilatar)... Ela gostou tanto que não queria mais sair! rs. Aí vem a outra "sorte" do destino.... Lembra quando citei a importância de uma pediatra humanizada? Pois bem, a Dra. Luiza havia sido indicada pela Dra. Dolores e por ela estar presente naquele momento, ela permitiu que o expulsivo fosse na banheira (os plantonistas não permitem) e a Michelle acabou parindo de uma forma linda e natural dentro da água! Parto lindo de viver!

Durante as contrações com a ajuda do marido...

TP na banheira = menos dor e mais dilatação :)


Família unida! Bem vinda, Isabela!

Equipe querida! Unidos "por acaso". 

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